Relicário de Idéias

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Sou uma pessoa feliz que adora a vida e que se orgulha disso

Wednesday, July 22, 2009

O POETA


O poeta vivia no campo, entre prados e bosques; porém, todas as manhãs, ele ia á grande cidade que ficava a muitas milhas de distância, envolvida em névoas tristes, no topo das colinas.
Todas as tardes, ele regressava.E á luz indecisa do crepúsculo,crianças e adutos juntavam-se á sua volta a fim de ouvi-lo narrar as coisas maravilhosas que vira naquele dia nos bosques, no rio e no topo das colinas.
E ele contava-lhes como os pequeninos faunos escuros e espreitavam dentre as folhas verdes do bosque.
Contava-lhes como os nereidas da cabelos esverdeados emergiam das águas cristalinas do lago, cantando para ele ao som das suas harpas.
Contava-lhes também como o grande centauro o encontrava no alto da colina e sorrindo galopava, envolvido em nuvens de pó.
Estas e muitas outras coisas maravilhosas o poeta narrava ás crianças e aos adultos quando se reuniam á sua volta, todas as tardes, enquanto as sombras se adensavam á aproximação do crepúsculo cinzento.
Contou-lhes histórias maravilhosas de coisas surpreendentes criadas pelo seu espírito, porque o tinha pleno de lindas fantasias.
Um dia, porém, o poeta, regressando da cidade grande através dos bosques, viu, de fato,os pequeninos faunos escuros espreitando-o dentre as folhas verdes.E, quando se dirigiu para o lago, as nereidas de cabelos esverdeados emergiram da água cristalina e cantaram para ele ao som de suas harpas.E também quando alcançou o topo da colina, o grande centauro galopou sorrindo, envolvido em nuvens de pó.
Naquela tarde quando, ao pálido crepúsculo, os adultos e as crianças se lhe ajuntaram para ouvir as coisas maravilhosas que vira naquele dia, o poeta lhes disse:

_ Hoje nada tenho para lhes contar; não vi coisa alguma.
Isso porque, naquele dia, pela primeira vez na sua vida, ele os vira de fato, e, para um poeta a fantasia é a realidade e a realidade nada significa.

OSCAR WILDE

Sunday, July 12, 2009


Dança- Pierre-Auguste Renoir