Relicário de Idéias

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Location: Brasília, Brazil

Sou uma pessoa feliz que adora a vida e que se orgulha disso

Tuesday, June 26, 2007

O Abraço Amoroso entre o Universo, a Terra (México),
Eu, o Diego e o Señor Xólotl
Frida Kahlo

O que restou dos nossos amores ...


Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, disse certa vez o filósofo grego Heráclito, o cara sabia das coisas! Séculos depois a ciência provou que não só o rio é outro como também o banhista não é mais o mesmo, o que me lembra que não há nada que a filosofia possa dizer que a ciência não possa estragar.
“O homem de ontem não é o homem de hoje” sentenciou algum outro grego de nome estranho.
Entre o homem que não pode ser novamente o mesmo e o rio há uma suave linha de aproximação e diferença.
Querendo provar isto tentei, nas ultimas semanas, me banhar no mesmo rio , simplesmente para provar que não podia faze-lô.
Heráclito estava certo, ao revisitar alguns lugares da memória e voltar a universos que deixei faz muito tempo percebi que o caminho é para adiante.
Pensando assim voltei ao Borges e as maçãs, sempre gostei de maçãs, Jorge Luis Borges é um famoso escritor argentino que sempre me lembrou as maçãs, pois deve ser abocanhado com força como um suculento pedaço de fruta vermelha, larguei para trás a metáfora do rio e fiquei com a metáfora frutífera que me rendeu ... ainda não sei o que rendeu...

Friday, June 22, 2007

QUADRO DE CRIANÇA EM TRAÇO DE GIZ


Do alto do sobrado seu, observa o desenho de giz da menina no chão da calçada. A menina é apenas memória, o que ela em segredo vive e sonha ninguém jamais saberá, nem mesmo ela, mas seu futuro é certo ao observador atento que conhece cada passo seu.
Desenha casas como lembranças do que ainda não vive, em um circulo certo traça o sol com sua luminosidade certa, cada raio de luz e calor relembram a infância antiga .
Do distante olhar do sobrado apenas a lembrança daquele dia limpo, sua vida talvez tenha sido como um desenho no chão com apenas o acréscimo de alguns personagens e dias de chuva a permear os dias de sol. Rascunhos de vida, lembranças de azul.
A menina distante, impossibilitada de olhar para trás, desenha distraída uma estrada entre as casas que a conduz a um espaço vazio, surpreendentemente pára, seu movimento fica estanque, seu olhar perdido tenta firmar a mirada buscando ver o que nunca verá, no alto do sobrado o olhar se direciona completamente para a menina que tenta inútil olhar o que se encontra para além do vazio. O segundo seguinte lhe rouba a atenção e ela volta a se entreter com seus desenhos de menina, esquece a supremacia de seu olhar ingênuo que busca o futuro e se reencontra nos raios de sol de seu desenho no chão.Do alto do sobrado o olhar distante agora se eleva, busca o sol para reencontrar seu lugar , os olhos vagueiam distantes de tudo , outra casa , outro céu , sem menina. Inutilmente o olho procura os desenhos no chão, mas a rua lavada só guarda agora a memória de algum traço de giz de menina no vazio da calçada.